O impacto da guerra tarifária nas empresas brasileiras listadas na bolsa
Empresas da B3 na mira da guerra comercial: quem ganha e quem perde?
Abaixo estão os setores e empresas da B3 mais suscetíveis a oscilações de preço em cenário de guerra tarifária entre Brasil e EUA:
Empresas que sofreriam negativamente:
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Agroexportadoras (exportam para os EUA)
- JBS (JBSS3) e Marfrig (MRFG3)
- Exportam grandes volumes de carne bovina para os EUA. Tarifas mais altas poderiam reduzir competitividade e margens.
- BRF (BRFS3)
- Exporta carne de frango e suína. Também poderia perder acesso competitivo ao mercado americano.
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Setor de Papel e Celulose
- Suzano (SUZB3) e Klabin (KLBN11)
- Os EUA são grandes compradores de celulose brasileira. Barreiras comerciais encarecem o produto e reduzem demanda.
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Setor Automotivo
- Randon (RAPT4) e Tupy (TUPY3)
- Exportam peças automotivas para montadoras nos EUA. Alta de tarifas reduz competitividade.
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Mineração e Siderurgia
- Vale (VALE3)
- Embora tenha foco maior na China, qualquer extensão da guerra tarifária para o setor de metais pode afetar seus contratos.
- Gerdau (GGBR4)
- Tem operações nos EUA. Tarifas cruzadas sobre aço poderiam reduzir lucros ou gerar retaliações.
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Tecnologia/Importadoras
- Empresas que importam componentes dos EUA, como algumas varejistas (Magazine Luiza, Via) ou empresas industriais, sofreriam com aumento de custo.
Quem pode se beneficiar:
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Concorrentes locais dos EUA
- Fabricantes brasileiros que disputam mercado local com produtos americanos poderiam ganhar espaço com tarifas de retaliação sobre os EUA. Exemplo:
- WEG (WEGE3): Exporta motores e componentes para vários países. Pode redirecionar produção ou ganhar espaço de concorrentes americanos na América Latina.
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Empresas com foco em mercados alternativos
- Petrobras (PETR4) e outras exportadoras de commodities energéticas têm mercados mais diversificados, o que pode protegê-las de uma disputa bilateral específica.
Impacto indireto no câmbio
Se a guerra tarifária gerar fuga de capital do Brasil, o real pode se desvalorizar, afetando:
- Positivamente: empresas exportadoras (como Suzano e JBS).
- Negativamente: empresas importadoras (como varejistas e montadoras).
Vejamos agora uma pequena tabela de forma conclusiva:
As empresas mais vulneráveis a uma guerra tarifária entre Brasil e EUA são:
Empresa | Ticker | Motivo Principal |
JBS | JBSS3 | Exportação de carne para os EUA |
Marfrig | MRFG3 | Forte presença no mercado americano |
BRF | BRFS3 | Exportação de proteína |
Suzano | SUZB3 | Exportação de celulose |
Klabin | KLBN11 | Exportação de papel e celulose |
Tupy | TUPY3 | Exportação de autopeças |
Gerdau | GGBR4 | Tarifas sobre aço |
Randon | RAPT4 | Exportação de implementos rodoviários |
📊 Empresas com maior exposição às exportações para os EUA
Com base em ranking recente da XP via https://www.infomoney.com.br/:
Ticker | Empresa | Setor | % Receita oriunda dos EUA |
EMBR3 | Embraer | Aeronaves / Capital | 23,8 % |
SUZB3 | Suzano | Papel & Celulose | 16,6 % |
TUPY3 | Tupy | Autopeças / Capital | 13,9 % |
JALL3 | Jalles Machado | Agro (açúcar/álcool) | 11,0 % |
FRAS3 | Fras-le Mobility | Bens de Capital | 10,8 % |
WEGE3 | WEG | Motores / Equipamentos | 9,1 % |
BEEF3 | Minerva Foods | Carne bovina | Est. 8 %–15 % |
RAPT4 | Randoncorp | Máquinas Pesadas | 6,4 % |
CSAN3 | CSN | Siderurgia / Mineração | 4,0 % |
PETR4 | Petrobras | Óleo & Gás | 4,0 % |
CSAN3 | CBA (Comp. Aço VALE) | Mineração/Siderurgia | 3,2 % |
VALE3 | Vale | Mineração | 2,8 % |
KLBN11 | Klabin | Papel & Celulose | 1,8 % |
BRKM5 | Braskem | Petroquímicos | < 1 % |
🧠 Destaques e impactos setoriais
Embraer — EMBR3
- Apresenta 23,8% da sua receita derivada dos EUA, a maior exposição listada, ficando extremamente vulnerável a tarifas elevadas (https://www.infomoney.com.br/)
- A previsão de tarifas de 50% gerou queda significativa nas ações e estimativas de custos adicionais de até US$ 350 milhões por unidade vendida (Gazeta do Povo).
Suzano — SUZB3 e Klabin — KLBN11
- Dependentes das exportações de celulose e papel. Suzano registra 16,6% de vendas aos EUA; Klabin, cerca de 1,8% (InfoMoney).
- O mercado americano já vinha sofrendo com barreiras tarifárias sobre celulose, afetando preços e competitividade (Guia do Investidor).
Tupy — TUPY3 e WEG — WEGE3
- Tupy exporta autopeças, com 13,9% de receitas dos EUA, e WEG atua em motores e equipamentos com 9,1% de vendas ao mercado americano (InfoMoney).
- As tarifas aumentam os custos de exportação e reduzem competitividade frente a concorrentes de outros países (Folha de S.Paulo).
Minerva Foods — BEEF3
- Exporta cerca de 8–15% do faturamento para os EUA; XP estima perda de até 5% na receita líquida com redirecionamento para outros mercados (InfoMoney).
Setor de siderurgia e mineração — CSN, CBA, Vale
- Empresas como CSN (CSAN3), CBA e Vale possuem exposição de 2–4 % às exportações para os EUA (InfoMoney).
- Impacto maior ocorre no setor siderúrgico como um todo, dado que o marketplace americano absorve grande volume de aço brasileiro (até 87% em alguns produtos), tornando inviáveis exportações com tarifa adicional de 50 % (Insights by Logcomex, Estado de Minas).
Braskem — BRKM5
- Apesar de baixa exposição direta aos EUA (< 1%), pode ser afetada tanto por aumento de custos de insumos importados quanto por substituição de fornecedores americanos no mercado interno (InfoMoney, Wikipedia, Guia do Investidor).
Petrobras — PETR4
- Exporta cerca de 4% para os EUA. Tem capacidade de redirecionar volumes para Ásia e Europa sem grande impacto estrutural (InfoMoney).
📉 Efeitos macro e indiretos
- A imposição de sobretaxas de 50% sobre exportações brasileiras prevista para 1º de agosto de 2025 tem o potencial de cancelar contratos, reduzir volumes de embarque e diminuir margens (Insights by Logcomex).
- Os setores mais atingidos serão agronegócio (carne, café, suco), celulose, aeronáutico e siderurgia / máquinas (UOL Economia).
- Estimativas apontam até 1,3 milhão de empregos perdidos, retração de até 2,21% no PIB brasileiro em caso de retaliação bilateral (FIEMG).
- Desvalorização do real, volatilidade e aumento de custo de insumos importados também afetam exportadores e importadores indiretos (El País, Guia do Investidor).
As empresas com exposição direta elevada ao mercado americano (acima de 10 %) — como Embraer (EMBR3), Suzano (SUZB3), Tupy (TUPY3), Jalles Machado (JALL3) e WEG (WEGE3) — são as mais vulneráveis a uma guerra tarifária. Impactos também devem ser sentidos por Minerva (BEEF3) e em menor grau por players como CSN, CBA, Petrobras, Klabin e Braskem.
Bom pessoal, por hoje foi isso, espero que tenham gostado e que de alguma forma eu possa ter ajudado a voces. Não esqueçam de deixar um comentário ou pergunta e compartilhem este conteúdo com aquela pessoa que voce acha que pode ajudar. Um abraço!